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[MÚSICA] [MÚSICA] Muito bem.
Então estamos prontos para fazermos a nossa primeira
análise macroeconômica completa, processo que tem várias etapas.
As etapas estão descritas na estrutura lógica que a gente
desenvolveu ao longo desses módulos anteriores até o momento presente.
Então, precisamos sempre nos ater a essa estrutura lógica.
É preciso se controlar bastante para não dar passos maiores do que
a estrutura lógica permite, porque isso,
normalmente, vai nos levar a conclusões incorretas, ou melhor,
tem uma grande chance de nos levar a conclusões incorretas e precipitadas.
Então, vejamos.
Se partirmos de choque de demanda.
O que pode ser choque de demanda?
Uma infinidade de coisas, mas vamos dar exemplo bastante específico
e muito comum relação à economias que participam do comércio internacional e
têm nas suas exportações fator relevante do seu dispêndio doméstico.
Ou seja, uma parte da sua produção é exportada e essa exportação,
como nós já vimos anteriormente, ela depende do quê?
Da renda das outras economias, ou seja,
dos países que vão comprar nossos bens e serviços.
Então, nosso choque será o seguinte, nós vamos pensar na situação que
importante parceiro comercial começa a crescer mais,
ou seja, ele está num momento de aumento, de elevação da sua atividade econômica.
Seu produto está elevado,
está crescendo trismestre a trimestre a taxas relativamente elevadas.
Nos últimos anos, ou melhor, a partir desse momento,
a perspectiva é de que esse crescimento seja maior nos anos seguintes.
Então, nós temos aí choque de demanda positivo.
Por quê positivo?
Porque é bacana?
Não. Positivo porque o efeito sobre o dispêndio
doméstico será no sentido de elevar.
Então, houve uma elevação na renda de país importante,
que comercializa, que compra nossos produtos, por exemplo, a China.
A China está crescendo muito.
Como é que isso impacta a economia brasileira?
O crescimento da China vai trazer efeito,
inicialmente, dentro dessa estrutura lógica,
por meio do aumento das exportações brasileiras para a China.
Então, o ponto inicial é sobre as exportações.
As exportações estão que parte da nossa estrutura lógica?
No mercado de bens e serviços.
Então, nós vamos observar o primeiro impacto desse choque representado
pelo crescimento maior da China, sobre o nosso mercado de bens e serviços.
Que sentido?
O planejamento de gastos, ou seja,
aquilo que os agentes exportam ou esperam exportar se eleva.
O dispêndio doméstico aumenta,
as importações estão constantes, as exportações cresceram,
então nós temos aí efeito de elevação do dispêndio doméstico.
Qual é o impacto seguinte a qualquer fator que faz o dispêndio doméstico crescer?
O impacto seguinte é, exatamente,
sobre o lado da produção das empresas.
Nós estamos vendo agora aqui.
As empresas vão ter que produzir mais bens e serviços para exportar.
Por enquanto, a nossa análise será realizada considerando
que a taxa de inflação não se movimenta, ela está fixa.
Então, uma etapa de cada vez,
então o primeiro impacto é só pelo lado da demanda.
Então, estamos considerando o impacto deste fator sobre o
produto da economia, dada uma taxa de inflação.
O passo seguinte será: quando o produto da economia começa a se movimentar
a inflação não fica constante, ela começa a responder também.
E aí a gente vai integrar o lado da demanda com o lado da oferta.
Então, recapitulando.
Primeiro aspecto: temos choque de demanda,
representado aqui pelo crescimento da China.
Esse choque aumenta as exportações brasileiras.
O dispêndio doméstico aumenta, ou seja,
o conjunto de gastos relação ao que nós produzimos aumenta.
Supondo que a taxa de inflação permaneça a mesma,
qual vai o impacto sobre o produto?
Então, nós vamos ter aqui uma queda nos estoques que as empresas
exportadoras tinham.
Esses estoque caem, eles ficam, então,
menores do que os estoques que as firmas
exportadoras gostariam de manter ao longo do seu processo produtivo.
E isso faz com que as firmas respondam como?
Aumentando a produção de bens e serviços.
Inicialmente, só pensando pelo lado da demanda.
O produto da economia aumenta.
Quando o produto da economia aumenta, o que acontece com o consumo das famílias?
A renda disponível aumenta.
Quando a renda disponível aumenta, isso tem impacto adicional dentro do
dispêndio doméstico, elevando o consumo das famílias.
Lembram-se do multiplicador keynesiano?
Exatamente dele que eu estou falando.
Então, esse impacto original produz impacto ampliado,
porque com o aumento da renda, o consumo das famílias também aumenta.
E isso produz ciclo de elevação consumo/renda,
que vai nos levar a uma renda maior.
Dentro do circuito lógico da demanda agregada,
nós temos o mercado de bens e serviços.
Mas temos também o quê?
Os mercados financeiros, que são representados
pelo mercado monetário e pelo mercado cambial.
Então, precisamos combinar todos esses aspectos para
saber o que está acontecendo com o lado da demanda agregada na economia.
Então vamos lá.
Dentro do mercado de bens e serviços,
já sabemos que o impacto vai ser uma expansão da renda,
multiplicada pelo efeito keynesiano da relação consumo/renda disponível.
Acontece que quando a renda sobe,
a autoridade monetária não fica paradinha, não é?
Ela vai responder.
Como é que a gente sabe isso?
É só a gente lembrar que a política monetária
que buscará expressar o equilíbrio monetário do mercado monetário,
responde de maneira simplificada
a mudanças na expectativa de inflação relação à inflação e
também relação à mudança no gap do produto.
Ou seja, quando o produto começa a crescer, a autoridade monetária começa
a observar que uma pressão sobre os preços vai ser produzida na economia e antecipa
essa pressão respondendo com política monetária restritiva.
Mas o produto da economia está crescendo e o
Banco Central vai impedir isso de acontecer?
Impedir totalmente ainda não,
mas ele vai reagir endogenamente ao crescimento do produto, porque o
crescimento do produto é indicador antecedente de inflação no futuro.
Ele não tem que controlar a inflação?
Tem. Então,
ele começa a fazer política monetária restritiva,
que pode ser feita por qualquer dos instrumentos de política monetária que
a gente discutiu anteriormente.
Vamos no instrumento tradicional da operação do dia a dia da política
monetária, que é o Open Market.
Então, o Banco central fará uma operação de política monetária de
venda de títulos públicos.
Produzindo, então,
excesso de oferta de títulos públicos e o preço do título público cai,
a taxa de juros sobe, resultando uma taxa de juros pouco maior na economia.
Quando a taxa de juros sobe, qual é a próxima resposta?
Quem responde imediatamente nesta estrutura lógica?
O investimento produtivo e o consumo.
Então, nós tínhamos impacto expansionista, dado pelo choque exógeno, que produziu
impacto ampliado via multiplicador keynesiano e que agora tem vazamento.
Ou seja, tem impacto no sentido contrário, que é a reação do
Banco Central ao crescimento do produto, elevando a taxa de juros,
como uma resposta endógena à situação da macroeconomia.
Essa elevação diminui pouco o consumo,
diminui pouco o investimento e faz a economia não expandir tanto quanto
ela expandiria se só houvesse o mercado de bens e serviços para ser analisado.
Para explicar o comportamento da demanda agregada.
Mas quando a taxa de juros sobe,
isso vai ter impacto no fluxo de capitais da economia.
E aí nós vamos voltar à conexão agora para o impacto sobre o mercado cambial.
Quando a taxa de juros sobe o que é que acontece com o fluxo de capitais?
Nós temos o quê?
Uma relação de retorno, dado o risco, liquidez, etc.
Uma relação de retorno mais atrativa para os ativos domésticos, ou seja, o retorno
dos ativos dométicos está maior relação ao retorno dos ativos estrangeiros.
Nós vamos ter influxo de capital.
Uma entrada de capitais na economia e uma apreciação do câmbio.
Quando o câmbio se aprecia, dado que nós não temos mudança ainda na taxa
de inflação, o impacto subsequente é sentido também nas exportações líquidas.
A apreciação do câmbio vai produzir uma quedazinha na
exportação e aumentozinho na importação.
Ou seja, vai diminuir o saldo líquido de transações correntes.
Então, ao final desse processo lógico, nós vamos ter uma expansão do produto,
mas uma expansão bem menor do que, ou tanto menor,
do que nós teríamos se não houvessem esses efeitos conectados
pelo lado da demanda agregada entre mercado de bens e serviços,
resposta da política monetária, mercado monetário e mercado cambial.
Então, ainda assim, liquidamente, quando nós combinamos
esses efeitos, nós vamos observar uma elevação da renda,
menor do que a que seria se os efeitos todos não tivessem sido considerados,
uma apreciação do câmbio e uma elevação inicial da taxa de juros.
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