[MÚSICA] Olá, pessoal! Estamos começando mais uma aula do Núcleo de Empreendedorismo da USP. Esse é nosso curso de criação de startups e a aula de hoje está ligada pouco a aspecto mais regional, mais econômico-regional, que fala pouco sobre regiões que fazem florescer o empreendedorismo. Então, a gente chama de ecossistema de empreendedorismo. Possivelmente, vocês já ouviram esse termo algum lugar. "Ecossistema do Brasil", "ecossistema de São Paulo, "ecossistema do Vale do SilÃcio"... Geralmente, eles chamam de ecossistema essas regiões que fazem florescer o empreendedorismo. O ecossistema é termo emprestado da Biologia que vem de "oikos", que é casa, que está ligado a conceito de conjunto de comunidades que interagem entre si para permitir a vida de algo. Então, conjunto de elementos de uma casa que dá vida a elemento da Biologia. Então, uma flor precisa de condições de luminosidade, de umidade, de nutrientes... São diversos elemento que compõem a permissão, as condições de permitir vida para uma flor. E para o empreendedorismo é a mesma coisa. Não é somente uma condição que faz o empreendedorismo florescer e, sim, uma série de condições. Então, quando a gente fala "se reduzir imposto e facilitar a criação de empresas, você vai ter empreendedorismo". Aà muitas vezes você faz essa mudança, mas à s vezes, no ambiente não tinha mão de obra capacitada para isso, não tinha empreendedores formados para isso e não floresce. E aà você entende que precisava da mão de obra. Aà você permite a mão de obra e aà faltava outro elemento. E aÃ, nesse jogo de querer entender os elementos, diversas pessoas propuseram algumas coisas e os que mais avançaram nisso foi o pessoal de Babson College, lá Boston. Eles propuseram alguns modelos, algumas definições e o professor Daniel Isenberg, que é do BEEP que é projeto de ecossistemas de empreendedorismo de Babson. O professor Daniel Isenberg, que veio de Harvard, propôs esse framework de ecossistema de empreendedorismo e é framework composto por seis elementos. O primeiro elemento é questão de mercados. Você ter mercados maduros, você ter pessoas para comprar o seu produto no começo, empresas dispostas a comprar software ou comprar soluções no começo ou público consumidor mesmo disposto a adotar inicialmente, uma cadeia de fornecedores madura, uma cadeia de valor madura, todos esses elementos que fazem mercado ser definido como maduro ou não. Então, o elemento mercado é o primeiro elemento. O segundo elemento é polÃticas públicas. Então, ações de polÃticas públicas que permitam o florescimento do empreendedorismo. Os primeiros que vêm à mente é framework legal, condições de legislação que sejam amigáveis para o empreendedorismo, questões ligadas a imposto, tributação, facilidade de abrir uma empresa, facilidade de fechar uma empresa, legislação que facilite falência e outras coisas, que não seja drama tão grande, tudo isso são elementos de polÃticas públicas. Mas também tem outros elementos como, por exemplo, o Seed do Governo de Minas é uma aceleradora de startups do governo, é o governo com uma polÃtica pública de investir nas startups, colocar dinheiro sem nem pegar participação das startups e investir nas startups para fazer elas florescerem naquela região. Tanto que o nome Seed, que é o proograma do governo de Minas, está ligado a Startups and Entrepreneurship Ecosystem, então, ecossistemas de empreendedorismo. O Seed vem disso: Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development. Está ligado a esse programa de desenvolver ecossistemas de startups e de empreendedorismo. Você tem, por exemplo, Israel programa chamado Yozma, que o governo investia junto com outros fundos de investimento de fora de Israel para atrair fundos de investimento para Israel. Então, foi uma estratégia do governo, uma polÃtica pública do governo de fazer atrair investidores do mundo inteiro. Então, esse programa Yozma também é bem famoso como uma grande politica pública que transformou uma região, no caso paÃs, que foi Israel. E, por último, a gente fala que a polÃtica pública não é só boa por si só, pelo ato da polÃtica pública, pelo que ela gera diretamente, mas também o que ela gera indiretamente, que é o elemento de ela estar advogando causa do empreendedorismo. Então, quando você faz uma polÃtica pública para empreendedorismo, você não só fomenta aquela ação especÃfica como você também levanta uma bandeira para a causa empreendedorismo, você dissemina o termo, você conscientiza mais pessoas sobre essa condição. Então, é bem interessante essa questão de polÃtica pública e é bem forte quando a gente discute ecossistemas porque, geralmente, gestores e polÃticos de uma maneira geral, gestores de polÃtica pública, tomadores de decisão pública, eles são as pessoas que mais têm que compreender ecossistema para saber quais decisões tomar. Terceiro elemento é o elemento financiamento. Então, o primeiro foi mercado, o segundo, polÃtica pública, o terceiro é financiamento. Financiamento é condições que permitam o empreendedor a ter acesso de capital todos os estágios da vida dele. Então, para quem está começando, ter pessoas fÃsicas ou ambiente fácil para receber primeiro investimento de alguma pessoa especÃfica ou de pessoas especÃficas. No caso, você tem a figura do "investidor-anjo", isso a gente explica na outra aula. Mas, então, fundos de investimento, outros elementos que permitam você ir pegando empréstimo ou então conseguindo investimento ou então conseguindo abrir o capital na bolsa. Tudo isso é como se fosse uma escadinha de elementos de apoio para o empreendedor. Então, não adianta você conseguir o primeiro investimento se você não tem no seu ecossistema fundos maiores para permitir você crescer mais. Você acaba tendo que sair dessa região e ir para outra porque na outra região é mais fácil levantar capital. Então, o elemento de financiamento também é bem importante. O quarto elemento é a cultura, é a cultura local, como é que a cultura local suporta ou limita o surgimento de empresas. Como é que, por exemplo, as pessoas não gostarem da figura do empreendedor. Alguns paÃses, a figura do empreendedor é quase vista como colarinho branco, bandido, uma pessoa mal vista mesmo. Nessas regiões, é muito dificil florescer empreendedorismo, falar de empreendedorismo de maneira positiva. Ou, então, muitas universidade você não pode falar de empreendedorismo, muitos lugares, a cultura oprime mesmo o empreendedor e isso acaba impedindo-o de florescer. Já outros lugares, se fala tão bem, você tem tantos casos de sucesso, você tem casos no qual teve o enriquecimento do empreendedor, teve fama internacional do empreendedor. Tudo isso são fatores que corroboram para uma cultura local mais vibrante e que apoie mais o empreendedor. Então, uma cultura de "poxa, eu posso", uma cultura de risco, uma cultura de inovação, de criatividade, pensar fora da caixa, propor, experimentar, cultura de experimentação que a gente fala e, também, uma coisa que diferencia muito os americanos é a cultura de execução, a capacidade de pensar numa ideia e ter a cultura de execução de amanhã começar a executá-la e ter consistência de executar todos os dias. A gente falou disso outras aulas, mas ter a cultura de execução, ter uma diligência para se manter executando, correndo atrás, seja vendas ou desenvolvimento de produto, é aspecto muito forte de ecossistema de empreendedorismo. Outro elemento são os mecanismos de suporte. Então, como é que todo esse castelo está sendo construÃdo sobre bases. E a base é a infraestrutura básica mesmo: internet, condições de luz, energia, escritório, tamanho de espaço. Tudo isso são fatores de infraestrutura. Então, por exemplo, você tem regiões nos Estados Unidos que o ecossistema é muito vibrante, começou a crescer, as startups começaram a crescer, mas na hora das startups migrarem para prédios e estruturas maiores, não tinha. Não tinha prédio, não tinha infraestrutura para elas crescerem nesse nÃvel, infraestrutura logÃstica, de mobilidade, tudo... não tinha essa infraestrutura. Então, aà eles tiveram que ir para o Vale do SilÃcio, por exemplo, na Califórnia. Então, essa questão de infraestrutura básica mesmo. E aà você não tem só essa infraestrutura de serviços públicos e também outros elementos de infraestrutura. Então, escritórios de advocacia, contabilidade, consultores, ONGs que dão apoio ao empreendedorismo, que organizam eventos, que fazem uma atmosfera ser vibrante, tudo isso compõe esse elemento suporte nessas teorias de ecossistema. Então, quando a gente fala de suporte, é muito isso, é a base que permite sedimentar uma construção de algo maior. E, por fim, o que eu acho que é o que a gente mais gosta porque a gente está inserido nisso, é a questão de capital humano. Quais elementos fazem o capital humano de uma região ser mais empreendedor ou ser mais forte o suficiente para permitir o empreendedorismo. Então, universidades que formam alunos para trabalhar startups ou então que formam empreendedores ou então que pegam cientistas e dão uma formação empreendedorismo para eles empreenderem, mão de obra qualificada, mão de obra não qualificada, instituições de formação técnica, tudo isso forma essa mão de obra, esse exército para trabalhar nas startups ou para se tornarem empreendedores, até investidores alguns casos. Então, quando a gente fala de capital humano, a gente fala disso, de formar gente para compor ecossistema. Sem o elemento capital humano, muita coisa se perde. Então, a gente fala que a universidade tem grande papel. Esse vÃdeo mesmo que você está assistindo, ele compõe elemento de formação de capital humano, A gente está capacitando pessoas para serem empreendedoras ou para trabalhar com empreendedorismo. Isso é pouco de "a terceira missão da universidade" que a gente costuma dizer, que é esse impacto transbordamento, fazer transbordar tudo que produz. Então, ecossistema de empreendedorismo passa por esses seis pontos: mercados, polÃticas públicas, agentes de financiamento, elementos de suporte, cultura local e, por fim, capital humano. Essa é uma teoria do professor Isenberg. Tem diversas outras teorias, diversos outros modelos, mas o ponto principal são esses seis elementos, que eu acho que é o framework mais utilizado, é framework bem sólido sobre ecossistemas de empreendedorismo. O mais importante é que agora vocês observem o seu ecossistema, observem cada caixinha dessas como é o seu ecossistema. "Quais são as empresas que podem ser meus contratantes?", "Como é que é a cadeia de fornecedores?", "O que é que tem de polÃtica pública que pode me ajudar?", "Quais são os agentes de financiamento?", "Como é que é toda essa lógica?". Estudar e compreender o seu ecossistema é caminho para saber navegar melhor pelas oportunidades que a sua região pode te oferecer. Muita gente não aproveita o tanto de oportunidades que tem no ecossistema que elas estão inseridas. Então, saiba observar o seu ecossistema e tente extrair o máximo dele. A gente espera que tenha sido útil essa aula. Muito obrigado, gente! [MÚSICA]