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Então, para começarmos.
Estamos agora procurando entender como os agentes
tomam as suas decisões de dispêndio doméstico,
de compras de bens e serviços finais.
Que agentes são esses?
De que agentes nós estamos falando?
Primeiramente, estamos falando da atuação desses agentes no contexto dos
mercados de bens e serviços.
Então, estamos, agora, com foco no segmento de bens e
serviços da economia, o chamado lado real da economia.
Nesta estrutura lógica, neste segmento,
nós vamos identificar os agentes de acordo com grupos de tomada de decisão.
Isso facilita a nossa compreensão.
Então, se nós supusermos, ou adotarmos,
que certos tipos de agentes tomam decisões de forma semelhante,
isso vai nos possibilitar entender a decisão,
ou as decisões desses agentes, de forma segmentada.
É a mesma estratégia que nós estamos utilizando para entender o complexo,
o conjunto completo, da macroeconomia.
Vamos segmentando e determinando, analisando, cada desses pedacinhos.
Vamos fazer o mesmo com os mercados de bens e serviços.
Nele, nós identificamos três grupos importantes.
De lado, nós temos os agentes privados e de outro lado, o governo.
Nesta primeira segmentação, nesta primeira separação,
os agentes- governo e agentes privados- terão lógicas de decisão diferentes.
No contexto dos agentes privados, nós poderemos identificar três
subgrupos que estarão tomando decisões resposta a fatores,
a variáveis, a condições, distintas.
Esses três elementos, esses três agentes, são: as famílias,
as famílias que vão representar as decisões de consumo
da economia; por outro lado, teremos, também,
as empresas, as firmas, ou, os empresários,
que representarão as decisões de investimento produtivo,
as decisões que estão associadas ao estoque de capital da economia ao longo do
tempo; e temos, também, segmento específico formado por
agentes privados que tomará decisões, basicamente,
voltadas para a relação do país doméstico, do país análise, com o resto do mundo.
Esses agentes, eles vão ser entendidos e classificados como
os agentes que tomam decisões de exportar bens e serviços,
e de importar bens e serviços.
Claramente, o segmento de exportações e importações,
ele está associado as famílias relação a sua decisão de consumo,
ou seja, as famílias podem decidir consumir bens produzidos domesticamente,
ou bens importados, bens produzidos por outros países.
A mesma coisa pode se dar pelo lado do empresário.
O empresário ao decidir comprar equipamento,
esse equipamento pode ter sido produzido domesticamente, ou externamente.
Porém, a separação, ou seja, essa segmentação tipos diferentes,
ou pedacinhos diferentes, do que nós consideramos como sendo o dispêndio
doméstico, ou seja, o total de gastos que vai ser realizado na economia.
Facilita a compreensão dos determinantes fundamentais de cada uma dessas decisões.
Então, de novo, é uma segmentação, uma separação,
apenas para nos ajudar a compreender melhor o conjunto completo.
Conjunto com famílias e investidores,
exportadores e importadores, nós temos, então, o governo.
Então, são quatro elementos, quatro tipos de agentes,
que vão tomar decisões de acordo com as circunstâncias da economia de acordo
com alguns fatores que vão ser, mais ou menos, importantes para cada uma decisões.
Quando nós tratamos da decisão dos agentes,
nós estamos tratando de teorias de tomadas de decisão,
que é o fundamento básico da nossa ciência, a ciência econômica.
E, portanto, também,
o fundamento básico da macroeconomica e da análise macroeconômica.
Quando nos perguntamos.
Do que depende o consumo das famílias?
O que leva uma família a tomar uma decisão de consumir,
de comprar, de adquirir, de despender parte da sua
renda adquirindo certos bens, ou serviços, na economia?
Para responder a essa pergunta, nós temos as teorias de consumo.
As teorias de consumo - dentro do contexto da macroeconomia- nos
ajudam a entender como essas decisões são tomadas.
Quais são os principais fatores que afetam.
Portanto, nós podemos partir desde teorias mais simples,
até teorias mais complexas, que a decisão de consumir será
tomada levando conta não só o momento presente, mas, também,
o consumo futuro, que são as teorias de decisão intratemporal de consumo.
Para que nós tenhamos, então, uma visão mais genérica e,
portanto, que abranja aquilo que as principais
teorias de consumo trouxeram ao longo do desenvolvimento da
teoria macroeconômica para a nossa análise atual.
Nós vamos entender a decisão de consumo das famílias,
inicialmente, a partir da perspectiva da teoria keynesiana do consumo.
E eu explico por que.
É aí que nós vamos encontrar a primeira explicação, a primeira sistematização,
de elemento muito relevante na análise macroeconômica de curto
prazo; e que tem papel dinâmico,
extremamente importante, que é o efeito multiplicador.
O que será esse efeito multiplicador?
Bom, ele está, então, associado a decisão das famílias consumir bens e serviços.
Como que essa decisão produz efeito multiplicador na economia?
Vejamos com pouco mais de detalhe.
A princípio, o consumo das famílias depende,
diretamente, da renda que sobra para as
famílias depois de pagos os tributos ao governo.
A renda disponível nada mais é do que a renda que
sobra para que as famílias possam gastar, possam despender,
possam comprar bens e serviços, após o pagamento dos tributos.
Os tributos, então, determinados pelo governo, vão ser arrecadados pelo governo.
E uma parte da renda da família vai para o governo forma
de tributos; restando para a família o que nós chamamos de renda disponível.
Portanto, a depender da renda disponível,
as famílias tomarão a sua decisão de consumir.
O que Keynes, lá 1936,
com a teoria geral do Emprego, do Juros e da Moeda, consolidou.
E que nos leva ao conceito do efeito multiplicador- multiplicador keynesiano
conhecido na literatura- é uma consequência
lógica do fato de que as famílias consomem
uma parcela da sua renda disponível.
Então, a nossa primeira maneira de entender a decisão de consumo,
parte da renda disponível das famílias e do fato de que,
geral, e, média, as famílias, ou seja,
termos agregados, as famílias estarão dispostas a gastar,
a despender, uma parcela da sua renda disponível.
Uma parcela que significa o seguinte.
A renda disponível, ou seja, aquela renda do período de ano,
de mês, ou de uma trimestre,
que é a renda disponível das famílias.
Ela pode ser consumida ou ela pode ser poupada.
A família que decidi não consumir, integralmente,
a sua renda disponível, terá uma sobra, uma parcela,
que é a poupança; que é fluxo.
Então, é pedaço da renda disponível que as famílias decidiram não gastar.
E, portanto, decidiram poupar.
Essa divisão entre o quanto consumir e o quanto poupar é dada por
conceito bastante importante na nossa análise,
que é a propensão Propensão Marginal a consumir.
A propensão marginal a consumir, ela vai nos dizer quanto de
cada unidade adicional de renda disponível as famílias
estarão dispostas a gastar bens de consumo finais,
que podem ser duráveis como geladeiras,
carros, que podem ser semiduráveis certo,
como equipamentos eletrônicos,
como equipamentos ou bens roupas, por exemplo,
que dura período relativamente curto de tempo, ou não duráveis,
que basicamente dizem respeito aos bens de consumo associado à alimentação,
ao transporte, à locomoção, à diversão, certo?
Então as famílias podem consumir quaisquer desses bens disponíveis,
ou serviços disponíveis na economia.
Quando elas decidem que parcela elas devem consumir e que parcela elas devem poupar,
elas estão expressando isso que nós chamamos de propensão marginal a consumir.
O conceito de propensão marginal a consumir,
quando levamos conta as famílias como todo,
ou seja, o agregado, a macroeconomia,
sempre será alguma parcela entre zero e excluindo os dois extremos.
Significa que média, geral,
as famílias estão dispostas a consumir 50% da sua renda disponível,
ou 70% da sua renda disponível, 90% da sua renda disponível,
40%, ou seja, qualquer fração entre zero e.
Isso vale para o agregado,
mas obviamente pode haver individualmente uma família que
decida consumir mais do que a sua renda disponível.
Como isso é possível?
Uma família pode consumir num determinado mês mais do que a sua renda disponível?
Quais são os mecanismos que propiciam essa troca da família
entre o consumo presente e o consumo futuro?
Esses mecanismos estão exatamente nos mercados financeiros.
É sempre possível para uma família que queira consumir mais
do que a sua renda disponível se ela tem acesso aos mercados de crédito,
ela pode antecipar a sua renda futura tomando crédito no mercado de crédito.
E portanto hoje ela pode consumir 120% da sua renda, por exemplo.
Isso é perfeitamente factível para uma família individualmente.
Porém quando consideramos o agregado,
nós vamos observar que não é possível que as famílias consumam
120% da renda disponível na economia.
Enquanto certas famílias individualmente podem consumir mais
do que tem como renda disponível, outras famílias podem
consumir uma parcela muito pequena da sua renda disponível,
10% da sua renda disponível, 5% da renda disponível.
Basicamente nós estamos falando de famílias muito distintas,
com perfis econômicos bastante distintos.
Normalmente uma família que consome mais do que a sua renda disponível,
ou uma família que naquele momento está trazendo renda futura
para o presente tomando crédito no mercado de crédito.
Geral, famílias de mais baixa renda certos momentos tomam essa decisão.
Por quê?
Porque querem antecipar, por exemplo, o consumo de bem durável ou semi durável,
querem adquirir, por exemplo, uma nova geladeira, novo carro.
Então certos momentos essas famílias podem antecipar as suas rendas no
mercado de crédito.
Por outro lado, na outra ponta, famílias de renda mais elevada
na economia geral já tem nível de consumo bastante elevado.
Digamos que as suas necessidades básicas certamente já estão satisfeitas
e que as suas necessidades adicionais, de bens, de luxo,
por exemplo, também estão razoavelmente satisfeitas de tal forma que
quando essa família têm mais renda disponível ela continua
gastando uma parcela pequena nesta renda disponível com consumo.
Então as famílias de mais alta renda, geral,
têm uma propensão marginal a consumir mais baixa.
As famílias de mais baixa renda, geral,
apresentam uma propensão marginal ao consumir mais elevada.
Média, a economia vai expressar termos agregados
o comportamento médio dessas famílias de distintas propensões marginais a consumir.
Então digamos que média, considerando a economia como todo,
as famílias dispendam, gastem bens de consumo,
cerca de 60, 70% da renda disponível.
Os outros 40 ou 30% se transformam poupança e essa poupança,
como veremos mais adiante, será extremamente importante
para o financiamento de projetos de investimento
que levem ao aumento do estoque de capital na economia.
Mas trataremos novamente desse tema lá no módulo de crescimento econômico.
Por hora basta que nós entendamos que as famílias geral na economia,
não podem escolher consumir 0% da sua renda disponível.
Por que motivo?
Porque o consumo é exatamente aquilo que faz com que as famílias
tenham os bens e os serviços necessários para sua sobrevivência.
Então se a gente pensar termos abstratos, se uma família
não consome bens de consumo o que acontece com essa família ao longo do tempo?
Ela não sobrevive.
Portanto a economia não existiria com uma propensão
marginal a consumir igual a zero.
Por outro lado também, a gente não pode pensar que as
famílias média na economia pudessem consumir 100% da
sua renda disponível, ou 100% da renda disponível da economia.
Isso significaria que tudo o que estaria sendo produzido
na economia num determinado período de tempo estaria sendo
comprado e consumido pelas famílias,
o que significa dizer que não haveria bens e serviços de investimento nesta economia.
Se nós de novo pensarmos termos bastante abstratos,
se a economia não tem bens de investimento o estoque de capital dessa
economia ao longo do tempo declina e essa economia também tenderia a desaparecer.
Então os extremos zero e estão fora do que se registra como
possibilidade média para o comportamento da propensão marginal a consumir.
E é exatamente nesse aspecto, no fato de que geral
as famílias dispendem uma parte da sua renda para o consumo de bens e serviços,
que está elemento dinâmico fundamental na demanda agregada.
Este elemento dinâmico surge do seguinte fato.
Pensemos que algum choque exógeno,
algum fator externo afete o produto da economia.
O produto e a renda são sinônimos, considerando aqui,
ou melhor, desconsiderando alguns aspectos mais técnicos
de mensuração do produto e da renda, que não é o nosso foco.
Vamos tratar então produto e renda como sinônimos no contexto da análise macro.
Pensemos que fator externo propicia a elevação do produto na economia.
Que fator externo pode ser este?
Exemplo bastante simples e imediato é comportamento de
país externo, de país desenvolvido, de país emergente.
Pensemos que a economia dos Estados Unidos esteja passando por
momento de superaquecimento, que o produto americano está crescendo bastante.
O que significa que os americanos devem estar comprando mais bens brasileiros.
isso vai produzir uma elevação no nível de atividade
brasileiro que entenderemos melhor alguns instantes,
porém já observamos aí efeito externo, choque externo,
que no caso é positivo, que traz efeito benéfico, efeito de elevação
do nível de atividade, fazendo com que o produto da economia brasileira cresça.
Quando o produto da economia cresce, a renda da economia cresce.
Quando a renda cresce o que que acontece com o consumo das famílias?
Cresce também.
Quanto?
Pedacinho do que cresceu a renda.
Que pedacinho é esse?
A propensão marginal a consumir.
Então apenas para ficar mais concreto vamos botar uns números nessa brincadeira.
Se a renda ...adicional.
Se a renda se elevou 100 unidades monetárias, de 100 reais, por exemplo,
de quanto o consumo das famílias se elevaria?
Então, 100 reais iniciais foram devidos a quê?
Ao aquecimento das economias externas que propiciaram mais exportações e,
portanto, o produto da economia brasileira cresceu 100 reais,
a renda da economia brasileira cresceu 100 reais.
Esse é o impacto inicial.
Segundo momento, esse impacto inicial vai ter uma resposta por parte de quem?
Das famílias, por quê?
Porque essas famílias tem 100 unidades monetárias,
100 reais a mais de renda disponível, quanto elas consumirão?
Elas consumirão uma parcela dessa renda adicional, por exemplo, 50 por cento.
Então, vejam que os 100 reais iniciais vão levar as famílias a consumirem mais.
Quanto a mais?
Por exemplo, 50 reais a mais.
Significa que, as famílias vão comprar, vão demandar,
vão dispender as suas rendas comprando bens e serviços na economia.
De quanto?
De 50 reais a mais.
Isso significa que a renda da economia, o produto da economia subiu novamente.
Se o produto da economia subiu de mais 50, a renda da economia subiu de mais 50.
Isso produz segundo movimento de resposta do consumo das famílias.
Então, agora, as famílias vão consumir uma parcela desses 50.
Quanto?
50 por cento,
supondo que a propensão marginal a consumir seja 50 por cento zero cinco.
Cinquenta por cento de 50?
Vinte e cinco reais.
Observaram o processo?
Ou seja, quando as famílias decidem consumir função do aumento da renda,
a cada etapa de consumo, se produz aumento adicional de renda,
que produz aumento adicional de consumo, que produz aumento adicional de renda.
Enfim, este processo vai nos levar a uma
sequência de pequenos aumentos ao longo do tempo,
então é preciso que haja tempo na nossa análise, ou seja, uma análise dinâmica.
Ao longo do tempo, esse processo vai produzir efeito
final superior aos 100 iniciais que foram produzidos pelo efeito externo.
Este é o efeito multiplicador,
ou o chamado multiplicador do consumo keynesiano.
Este efeito multiplicador faz com que a renda
ao final deste processo cresça a múltiplo
da mudança inicial, então percebemos que,
este múltiplo ele depende propensão marginal a consumir.
Se nós observarmos essa sequência de pequenos pedacinhos,
e aqui eu vou fazer uma referência a aspecto técnico, a aspecto formal.
Nós vamos ter uma sequência considerada uma progressão
geométrica e teremos a soma de uma progressão geométrica.
Isso vai nos levar a resultado global identificado
como multiplicador keynesiano.
E que pode ser expresso por uma equação muito simples.
Não vamos entrar detalhes da solução dessa soma infinita
pra não fugir do nosso propósito de manter a nossa explicação lógica,
no nível da lógica da teoria econômica e utilizando o mínimo possível
de recursos técnicos formais matemáticos, mas, apenas para ilustrar,
este resultado final deste impacto multiplicador seria contabilizado como
sobre menos a propensão marginal a consumir.
Então, nós teríamos aí resultado que, a depender da propensão
marginal a consumir, o efeito multiplicador cresce.
No nosso exemplo, se nós temos uma propensão marginal a consumir
de cinquenta por cento, nós teríamos efeito multiplicador de dois,
ou seja, o impacto inicial de 100 unidade monetárias,
de 100 reais de elevação do produto causado por fatores externos,
produziu nessa sequência de retro alimentação da renda com consumo,
do consumo com dispêndio doméstico, do dispêndio doméstico com a renda,
da renda com consumo, nesse ciclo, o processo de
multiplicação levou crescimento final da renda de duas vezes 100,
ou seja, 200, este é efeito multiplicador.
E é efeito dinâmico muito importante pra entender estrutura e
a conjuntura macroeconômica e a evolução da macroeconomia,
principalmente do ponto de vista do nível de atividade ao longo do tempo.
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