[MÚSICA] [MÚSICA] Então,
vamos lá.
Os outros dois instrumentos de política monetária à disposição de Banco Central,
termos gerais, ou seja, isso vale pra qualquer Banco Central, são,
além da definição das reservas compulsórias, que já chamamos atenção,
a definição de uma outra taxa de juros, conhecida como taxa de redesconto de
liquidez e as famosas operações de mercado aberto,
as operações de open market, as operações de compra e venda de títulos públicos.
Agora você começou entender claramente como é
que nós vamos precisar e porquê é que nós vamos precisar tanto do
mercado de moeda como do mercado de títulos para entender a gestão da
política monetária e a formação da taxa básica de juros da economia.
Vamos começar discutindo,
apresentando instrumento taxa de redesconto de liquidez.
Esse é instrumento que está associado ao papel dos Bancos Centrais
como emprestadores de última instância, ou seja, sistema bancário,
ele está regulado, as normas são definidas pelo Banco Central,
e umas das normas é a de que banco não pode finalizar o seu dia,
fechar o seu caixa, débito, ou seja, no vermelho.
Ele não pode ter emprestado mais do que ele tinha de recursos.
Não pode, regra, nenhum lugar do mundo.
O que acontece?
Ao longo do dia, o banco vai recebendo recursos e emprestando.
Este controle desses fluxos depende do sistema de informação,
do sistema bancário de pagamentos que o país tenha,
vou chamar a atenção sobre isso no caso brasileiro já, já.
Mas, pensando termos conceituais, a depender do sistema,
esse fluxo não tem controle tempo real.
O que acontece?
No final do dia, quando a tesouraria do banco vai fechar,
ela observa que ela tem recurso sobrando.
Isso, obviamente, não é interessante pro banco, passar de dia pro outro com
excesso de moeda, com excesso de recurso, com excesso de dinheiro no seu caixa.
Por outro lado, outros bancos podem constatar o contrário,
que emprestaram mais do que receberam de depósito à vista.
E aí? Estão no vermelho, não pode.
O primeiro processo é buscar recursos no próprio sistema bancário,
no próprio sistema interfinanceiro.
Emitindo título, que é comprado por outro banco que tem recursos sobrando,
então há empréstimo entre bancos por meio de certificados
de depósitos interfinanceiro, como é o caso brasileiro que são os CDIs,
e uma taxa de juros se forma nesse mercado de CDIs.
Muito bem, aqueles bancos que conseguirem resolver o seu problema de estar
no vermelho e resolver o seu problema de estar no azul emprestando entre si,
ótimo, mas pode ser que haja banco que está numa situação
reconhecida no mercado interbancário como mais arriscada,
está com uma carteira de ativos mais complicada, assumindo maiores riscos,
e pode ser que nenhum banco queira emprestar recursos pra ele.
O que é que vai acontecer?
Ele não pode fechar o caixa no vermelho, é proibido.
Necessariamente, ele vai buscar recursos de liquidez no Banco Central,
ou seja, ele vai fazer saque nas contas de reservas do sistema bancário,
ou seja, vai tomar empréstimo com o Banco Central e o
Banco Central vai cobrar por esse empréstimo uma taxa de juros.
Essa taxa de jutos é a taxa de redesconto de liquidez,
que também é definida pelo próprio Banco Central.
Então é uma taxa de juros que os bancos vão ter que pagar ao Banco Central
se precisarem de moeda no final do dia, se precisarem de liquidez no final do dia.
E o Banco Central fazendo, então, o seu papel de emprestador de última
instância garantindo a liquidez do sistema e garantindo que o sistema funcione
normalmente sem grandes riscos ou pânico de falta de liquidez.
O que acontece se o
Banco Central eleva essa taxa de redesconto de liquidez?
Então ele está usando esse instrumento de política monetária,
ele está tomando a decisão determinado momento de que se os bancos
precisarem de recursos ao final do dia,
terão que pagar mais caro por esses recursos junto ao Banco Central.
Obviamente, isso vai produzir uma elevação nas taxas de juros entre os
próprios bancos no sistema interfinanceiro.
E se ainda assim, depois da rodada do interfinanceiro,
se os bancos precisarem de recursos, ao recorrer ao Banco Central,
terão que pagar mais caro que é a nova taxa,
elevada por decisão do Banco Central determinado momento do tempo.
O que isso significa?
Significa que o Banco Central ao elevar a taxa de redesconto,
sinalizou para o sistema bancário que o custo dos recursos aumentou,
portanto, com essa sinalização, os próprios bancos já se tornam
mais cautelosos ao longo do dia e diminuem o seu fluxo de
empréstimos pra não correr o risco de ter que pagar uma taxa
maior para o Banco Central se precisarem de recursos de liquidez no final do dia.
Isso significa que os bancos, ao se tornarem mais precavidos,
diminuem o processo de circulação de moeda,
diminuem o multiplicador monetário, o que faz com que, aconteça o quê?
A oferta de moeda na economia caia.
Então, quando o Banco Central eleva a taxa de redesconto de liquidez,
a oferta de moeda na economia cai.
Como isso afeta o mercado de títulos?
Já vamos falar já, já.
Segura mais pouquinho aí.
Muito bem, então operar instrumento taxa de redesconto de liquidez
significa definir qual vai ser o custo dos empréstimos de
liquidez que o Banco Central fará ao sistema bancário
caso algum banco necessite de recursos ao final do dia.
[MÚSICA] Este é instrumento de política monetária muito
importante na maior parte dos bancos centrais internacionais.
No caso brasileiro, de acordo com a nossa estrutura institucional,
a maneira como nosso sistema funciona, desde o inicio dos anos 2000 que o
novo sistema de pagamentos brasileiro foi implantado e nós temos
dos sistemas de pagamentos mais avançados, senão o mais avançado do mundo,
o que nos permite fazer transações online, transferência
de recursos entre contas correntes quase instantâneas por meio das famosas TEDs.
Essa estrutura tecnológica e de sistema de informação
altamente avançada e que parte foi fruto de investimentos tecnologia
de informação nos períodos de hiperinflação, produziu uma estrutura,
sistema de pagamentos altamente eficiente e que faz com que os
bancos tenham de manter o seu equilíbrio de caixa tempo real ao longo do dia.
Então, no final das contas,
o instrumento de taxa de redesconto de liquidez ele é, na prática,
sem efeito na gestão da politica monetária brasileira, embora outros países,
que tem o mercado de reservas como foco da gestão de política monetária,
como é o caso do Fed, do sistema federal de reservas do banco central americano,
como é caso do banco da Inglaterra,
do banco central europeu, a principal referência de gestão da
politica monetaria é a determinação da taxa de redesconto de liquidez.
Aqui no Brasil não.
Quando o nosso comitê de política monetária se reúne,
ele define uma meta para os próximos dias, até a próxima reunião,
para a taxa de juros que é aquela formada no mercado de títulos.
Então essa é uma peculiaridade específica do nosso sistema, e que vai fazer com
que nós não tenhamos uma efetividade, ou seja, efeito prático na gestão da
política monetária para o instrumento taxa de redesconto de liquidez.
Embora muita gente pensa da seguinte forma: "Poxa,
mas nós perdemos instrumento de política monetária?" Não, não perdemos.
Ele está lá, ele existe, a taxa de redesconto existe, se houver necessidade o
banco central fará o papel de emprestador última instância,
mas, na verdade, com essa gestão tempo real por partes dos próprios
bancos e do sistema bancário, o risco disso acontecer caiu muito.
Então, no fundo, o risco de liquidez num sistema bancário brasileiro,
ele é gerenciado tempo real e ao longo do dia pelos próprios bancos,
diminuindo o risco de que o banco central tenha
que fazer o papel de emprestador de última instância no dia a dia dos mercados,
no funcionamento normal dos mercados.
É claro que quando houver uma crise, evento diferente do
funcionamento normal, o Banco Central sempre estará lá,
fazendo o seu papel de emprestador de última instância.
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