0:00
[MÚSICA] [MÚSICA] Então,
a demanda agregada, ou seja, a soma de todos esses componentes,
consumo das famílias, o investimentos produtivo, os gastos do governo,
e as exportações liquidas, vão nos dizer como
elementos que estão sendo guiados pela decisão dos agentes,
das famílias, das empresas, do governo, do setor de exportação,
como a decisão desses agentes vai produzir efeito sobre a economia.
Esse efeito ainda não pode ser estudado completamente.
Para que nós entendamos esse efeito, é necessário que o quadro esteja completo.
Nós tenhamos não só a compreensão da demanda agregada,
mas também da oferta agregada.
Porém, é muito comum nos estudos de macroeconomia que
ao sintetizarmos os componentes da demanda agregada,
nós façamos uma hipótese simplificadora,
que nós eliminemos do nosso raciocínio
momentaneamente, porque não condiz com o mundo real, mas enfim,
é apenas instrumento didático que nós eliminemos os efeitos da oferta agregada.
Isso significa que nós estamos analisando uma economia
que a demanda agregada determina o PIB, a renda da economia.
Não há nenhum tipo de limitação do ponto de vista produtivo
para aquilo que se configura como desejo de
decisão dos agentes por trás da demanda agregada, ou seja, nós estamos aqui
numa suposição de que a demanda agregada é suficiente para determinar o PIB,
a renda da economia, o que é obviamente uma simplificação inicial.
Porém, por exemplo, é uma simplificação que é bastante útil quando
a economia passa por período muito intenso de recessão.
Se a gente voltar lá nos anos 30 e se lembrar que as economias
desenvolvidas passaram por uma crise bastante séria após a quebra
da bolsa de Nova York, ao longo do inicio dos anos 30 os Estados Unidos,
por exemplo, chegou a ter mais de terço da sua população economicamente
ativa desempregada, ou seja, desemprego de mais de 30%.
O que é que significa isso?
Significa que a economia entrou numa recessão e havia trabalho disponível,
havia equipamento disponível, capacidade ociosa elevadíssima nas empresas porém,
a economia não conseguia sair desse nível de produção muito baixo.
Então, basicamente, o que foi identificado naquele momento foi uma
insuficiência de demanda nessa economia.
E aí, a indicação conhecida como keynesiana de
que o governo viesse então como estímulo da demanda agregada.
Se a gente está mundo como esse, sob a suposição de que não há
limites pelo lado da oferta agregada, o que significa,
termos gráficos, que a nossa oferta agregada se tornaria horizontal,
e portanto a inflação na economia estaria estável, ou seja, estaríamos falando
de uma economia que não tenha nenhum tipo de problema com questões de inflação,
o que é uma coisa bastante difícil de se verificar no mundo real,
então é só uma hipótese didática.
Então vamos lá, segurar uma variável,
que é a inflação, e vamos pensar que nós já temos todos os determinantes
para compreender qual é o produto dessa economia,
que nível de PIB, de renda, essa economia realizará no contexto
que não haja nenhum tipo de restrição pelo lado da oferta agregada.
Então, se nós pensarmos dessa forma, nós podemos pensar o seguinte,
do que que depende o produto dessa economia?
Basicamente da demanda agregada.
Exatamente por isso que algumas correntes econômicas mais keynesianas,
vamos dizer assim, ligadas à obra original de Keynes, também conhecidos
como Pós-Keynesianos, enfatizam tanto o papel do
governo como estimulador, como estabilizador da demanda agregada,
situações que a economia esteja passando por uma recessão ou por
nível de atividade mais baixo, ou seja, crescendo menos do que o potencial,
ou seja, num vale da flutuação do ciclo econômico.
Mas, enfim, mais adiante nós veremos que não é possível pensar
apenas numa macroeconomia como determinante do produto sem
conectar a determinação do produto com a determinação da inflação,
mas por enquanto pensemos dessa forma simples e vamos nos fazer a seguinte
pergunta: o que acontece nessa economia
basicamente descrita pela estrutura da demanda agregada quando,
por exemplo, ocorra uma elevação na renda do resto do mundo?
Então, vejam que nós estamos fazendo aqui tipo de análise,
e nesse ponto eu já chamo a atenção para aspecto muito importante
na metodologia de análise do economista, que é conhecido
como análise de estática comparativa.
O que é que nós estamos fazendo?
Nós estamos pensando numa situação inicial de equilíbrio e uma variável exógena,
uma variável que afeta esse equilíbrio mas que não está
descrita pelo comportamento dos agentes na minha teoria,
no meu modelo, na minha conexão lógica, uma variável chamada exógena.
Essa variável se altera, ela se modifica,
e a modificação dessa variável vai ter efeito sequencial sobre a decisão
dos agentes que estão por trás, que estão explicando a demanda agregada,
e com isso nós teremos efeito sobre o produto da economia.
Então é essa lógica que nós queremos seguir.
Então nosso experimento agora, a nossa análise de estática
comparativa partiu da suposição de que a partir de
equilíbrio inicial nós estamos observando uma
atividade econômica mais robusta, maior nível de atividade econômica,
uma renda maior nos países desenvolvidos por exemplo.
Então ciclo de crescimento,
ciclo de cenários positivos nas economias internacionais e as
economias internacionais estão crescendo bastante bem.
Como é que isso afeta a nossa economia?
Quais são os mecanismo?
Por onde nós começamos o nosso raciocínio?
O nosso raciocínio deve ser iniciado identificando
qual é o elo inicial por meio do qual esse fator exógeno,
a renda do resto do mundo, afetará a decisão dos agentes domésticos.
Bom, então vamos lá, será que é pelo consumo?
Não, acho que não.
Pelo investimento produtivo?
Também não.
Os gastos do governo?
Não.
Exportações líquidas?
Isso aí.
O primeiro impacto dessa mudança,
que é uma perspectiva de renda maior no resto do mundo,
ocorre por meio do componente exportações líquidas.
E como ocorre esse impacto?
Quando a renda do resto do mundo sobe as exportações domésticas se elevam.
Quando as exportações se elevam, significa o que?
Que nós estamos produzindo mais bens e serviços na economia,
e ai vejam a importância daquela hipótese de que não há restrição pelo
lado da produção, significa que a economia pode produzir mais bens e serviços,
pode contratar mais trabalhadores, pode usar os equipamentos disponíveis que
estavam com capacidade ociosa, produzir mais bens e serviços e
atender a essa demanda adicional externa por nossos produtos.
Então, quando as exportações líquidas se elevam por conta desse
fator exógeno, a demanda agregada na economia doméstica se eleva.
Quando a demanda agregada se eleva,
significa que o nosso produto está crescendo.
Nós estamos produzindo mais bens e serviços.
Quando nós produzimos mais bens e serviços,
o que que acontece com a renda de economia?
A renda é igual o produto, numa forma mais simplicada,
podemos sempre fazer essa conexão, quando o produto aumenta, a renda aumenta.
Espera aí.
A renda, o PIB,
influencia outro componente da demanda agregada, não é mesmo?
Que componente era esse mesmo?
O consumo das famílias.
Então vejamos, primeiro impacto foi externo, a renda do resto do mundo subiu.
As exportações líquidas se elevaram, nós estamos agora tendo mais
demanda pelos nossos bens e serviços, começamos a produzir mais bens e serviços.
Quando produzimos mais bens e serviços, o PIB, a renda da economia cresce.
Quando a renda da economia cresce, o que acontece com a decisão das famílias?
As famílias consomem função da sua renda disponível.
Quando a renda se eleva,
as famílias consomem pouquinho a mais dessa renda adicional.
Lembram-se do multiplicador keynesiano?
Pois então, este efeito multiplicador é que vai propiciar
que ao final do processo de ajuste da macroeconomia nós tenhamos
aumento na renda doméstica mais do que proporcional relação à elevação
das exportações que se iniciaram com o aumento da renda do resto do mundo, ok?
Então vejamos, quando a renda aumenta, o consumo das famílias aumenta.
Então agora eu tenho mais elemento puxando a demanda para cima.
Além das exportações, que começaram o processo,
o consumo também está puxando a demanda agregada para cima.
O consumo responde então à renda disponível mostrando uma
maior disposição das famílias a elevarem o seu consumo.
O consumo aumenta, a demanda agregada aumenta.
Quando a demanda agregada aumenta, se não há restrições pelo lado da oferta,
a economia produz mais bens e serviços.
O produto aumenta, a renda aumenta mais pouquinho.
Quando a renda aumenta mais pouquinho, o consumo aumenta de novo.
Este é o processo do multiplicador keynesiano que a gente já destacou quando
estudou a função consumo, ou o consumo das famílias na economia.
Quando esse processo de ajuste termina, e isso demanda tempo,
não é instantâneo, certo?
Então ao aumento exógeno inicial das exportações,
processo de efeito multiplicador que passa pelo consumo das famílias,
e dá resposta do consumo das famílias ao crescimento da renda da economia,
vai produzindo efeito que ao final do processo
leva a uma renda maior, que cresce
mais do que se elevou as exportações no início do processo.
Então esse efeito multiplicador dentro do contexto da demanda agregada,
ele é extremamente relevante para que a gente possa entender como uma flutuação
na economia demora tempo para acontecer,
seja quando há boom, ou seja quando há vale, certo?
Ou seja, essa dinâmica de ajuste ela é extremamente importante para que
a gente compreenda como a economia evolui ao longo do tempo.
Então nossa maneira de analisar a macroeconomia ela acabou de ser
exemplificada apenas levando conta o contexto da demanda agregada,
do ponto de vista do mercado de bens e serviços.
Então nós estamos com pedacinho ainda muito específico da estrutura
da macroeconomia, que é o funcionamento do mercado de bens e serviços,
e que, para que nós tenhamos de fato uma compreensão completa da própria
demanda agregada, será necessário que as conexões deste mercado de bens e
serviços sejam realizadas com os mercados financeiros da economia, certo?
Então por enquanto a nossa análise diz respeito apenas ao lado real da economia,
ou seja, ao lado associado à produção de bens e serviços da economia.
Observem que nesse movimento, nesse processo de crescimento da renda e do PIB,
naturalmente as empresas contrataram mais trabalhadores e naturalmente
utilizaram mais os equipamentos que existem disponíveis, ou seja,
o estoque de capital da economia, certo?
Mas por enquanto nós não estamos levando conta os efeitos
do aumento do uso do estoque de capital e da contratação
de trabalhadores sobre a formação dos preços na economia.
Lembram-se que no início do nosso raciocínio,
qual foi nossa hipótese simplificadora?
A hipótese de que a inflação não se mexeria, estaria constante, ou seja,
ela estaria estável, o que significa dizer que a nossa oferta
agregada não impõe restrições à determinação do produto,
o produto depende apenas do dispêndio doméstico que está representado pela
estrutura do mercado de bens e serviços que a gente acabou de analisar.
Então diversas outras análises podem ser realizadas nesse contexto.
Nós poderíamos pensar, por exemplo,
sobre os impactos de uma mudança na propensão
marginal a consumir dos consumidores, ou seja, na
disponibilidade dos consumidores consumir uma parcela adicional da sua renda.
Esta variável ela é bastante estável, ela não muda com muita frequência nas
economias, ela só muda quando as economias mudam de patamar de desenvolvimento.
Então economias mais desenvolvidas normalmente têm uma propensão marginal
a consumir mais baixa do que economias mais pobres, menos desenvolvidas.
Então conforme uma economia vai se tornando mais desenvolvida, ela pode
expressar, pode revelar uma diminuição na sua propensão marginal a consumir.
Isso poderia ser utilizado como uma análise de estática comparativa,
o que acontece quando a propensão marginal a consumir cai.
Quando a propensão marginal a consumir cai, o consumo cai,
então o dispêndio doméstico cai, o que significa
que as empresas vão ficar produzindo bens e serviços que não serão comprados.
O que que acontece?
Elas diminuem o seu ritmo de produção.
O produto cai, a renda cai de novo,
o que tem impacto secundário menor sobre o consumo dessa vez,
e dispara o multiplicador keynesiano, fazendo o produto cair pouquinho mais do
que aquele montante inicial causado pela mudança na propensão marginal a consumir.
Outro fator exógeno muito importante nesse contexto, que a gente sempre
gosta de analisar macroeconomia, é a política fiscal.
O que acontece dentro dessa estrutura lógica de mercado de bens e
serviços quando o governo gasta mais ou gasta menos.
Vamos pensar então uma situação que, partindo inicialmente de equilíbrio,
nós tenhamos aumento nos gastos do governo.
Como é que se dá esse processo lógico do mercado de bens e serviços?
Muito simples, o governo vai gastar mais, significa que ele vai
comprar mais bens e serviços que estão sendo produzidos na nossa economia.
Portanto, há uma pressão de compra que vai
levar as empresas a produzirem mais, contratar mais trabalhadores,
usarem mais as sua máquinas, o produto da economia aumenta, quando o produto da
economia aumenta a renda aumenta, quando a renda aumenta quem é que responde?
O consumo das famílias, sempre.
Qualquer que seja o fator inicial que produz o impacto inicial sobre a renda,
o impacto de segunda ordem, de terceira ordem, de quarta ordem,
vai ser a resposta do consumo das famílias a esse aumento inicial da renda.
E esse efeito acumulado é condensado,
é expresso no conceito do multiplicador keynesiano.
Então só para vocês entenderem do ponto de vista quantitativo,
se o governo aumentar os seus gastos 1000 reais, pouquinho, não é?
Mas só para exemplificar, 1000 reais, o que que vai acontecer com a renda?
A renda vai aumentar 1000 reais também?
Não, é exatamente este o elemento dinâmico, o elemento multiplicador
do consumo, que vai produzir aumento maior que 1000 reais na renda.
Então vamos lá, devagar.
Assim, se há aumento inicial de 1000 reais,
como no nosso exemplo, dos gastos do governo, qual é a dinâmica?
Qual é o processo pelo qual o mercado de bens e serviços produz
nível de renda maior do que 1000 reais?
Vamos lá?
O gasto inicial aumentou de 1000 reais, significa que se
antes ele era de milhão, agora ele é milhão e 1000 reais, ok?
Qual o impacto sobre o nível de renda inicialmente?
Bom, então haverá dispêndio doméstico, ou seja, desejo de compra maior,
exatamente de 1000 reais, que é o efeito do gasto do governo sobre a economia.
As empresas vão produzir mais, vão usar mais seus equipamentos,
contratar mais trabalhadores, aumentar a produção,
e produzir mais 1000 reais de produtos e serviços na economia.
Produzir mais 1000 reais de produtos e serviços significa gerar mais
1000 reais de renda, porque produto e renda são equivalentes, ok?
Quando a renda aumenta 1000 reais,
as famílias que estão recebendo essa renda aumentarão o seu consumo,
por exemplo, de 50% desses 1000 reais,
sendo 50%, ou seja, 0,5, exatamente,
neste nosso exemplo, a medida da propensão marginal a consumir.
Portanto, quando as famílias, ao perceberem o seu aumento de renda,
aumentam o seu consumo, aumentam o seu consumo mais 500 reais.
Espera aí, mas famílias consumindo mais significa que as
empresas também estão produzindo mais, certo?
Então o produto aumenta mais 500 reais,
quando o produto aumenta mais 500 reais a renda aumenta novamente 500 reais,
e as famílias continuam respondendo na proporção de 50%,
ou seja, aumentam o seu consumo 250 reais.
Aumentou o consumo, tem mais gente comprando bens e serviços, então as
empresas produzem mais bens e serviços, o produto aumenta 250, a renda aumenta 250.
E as famílias respondem como?
Consumindo 50% desses 250, 125.
No final das contas, quando nós somarmos os 1000 iniciais de gasto do governo,
mais os 500 de resposta da primeira rodada de interação consumo renda,
mais os 250, mais os 125,
e metade da metade da metade da metade, ou seja, quando nós olharmos para essa
sequência ao longo do tempo no processo dinâmico de ajuste,
nós teremos então, para uma propensão marginal a consumir de 0,5,
nós teremos multiplicador de 2, certo?
Sobre menos a propensão marginal a consumir,
como a gente já falou lá na discussão da função consumo.
Significa que o aumento inicial da renda, do gasto do governo de 1000 reais,
produziu ao final desse processo aumento na renda de 2000 reais.
Este é o efeito multiplicador,
é isso que traz essa dinâmica e essa persistência no ajuste da macroeconomia.
Então uma vez que se inicia processo de aquecimento,
esse processo ele vai tendo uma dinâmica de
retroalimentação ao longo do tempo, até que outro choque afeta a decisão
dos agentes e pode levar a sua decisão para outro lado, ok?
Então o processo de ajuste ele vai ocorrendo ao longo do tempo
resposta da decisão dos agentes, no caso famílias, o governo,
investimento produtivo e exportações líquidas,
definindo como o lado real da economia, expresso no chamado
mercado de bens e serviços, determinaria então o produto da economia.
[MÚSICA]
[MÚSICA]